sábado, 26 de julho de 2014

Um vintém é um vintém

Exmos. Senhores,

Quando cheguei a casa, vindo de uma belíssima festa de homenagem ao melhor jogador que vi jogar no nosso campeonato, Deco, fui confrontado, na página online do Record, com o seguinte relato do último golo do desafio entre o Porto de 2004 e o Barcelona de 2006, apontado precisamente, pelo Mágico:

90' - Goooolooooo do FC Porto! 4-4! Deco faz o empate com Baía a fazer uma "perninha", não se fazendo à bola para que o Mágico recebesse uma última ovação.

Ora, antes de mais, quando alguém dá uma ajuda, dá uma mãozinha e não uma perninha. Convém escrever em português correcto e não meter os pés pelas mãos. Depois, importa perceber a parvoíce que aí está escrita. Tivesse Baía tentado defender a bola, ou não, o remate foi indefensável. Um golaço. Mas, mesmo que tivesse dado uma mãozinha, perninha, cabecinha ou outra qualquer parte do corpo, escrever uma coisa destas é uma vergonha. Um ultraje demonstrativo das faltas de classe, de nível e de vergonha que grassam no vosso jornal desde que este é gerido com Manha. Num jogo a brincar, para homenagear um craque, que tanto deu ao Porto e a Portugal, escrever uma barbaridade destas mostra um espírito pequenino, onde impera a inveja. Sejamos sinceros, nunca nos tempos mais recentes houve, nos clubes da capital um jogador deste calibre. Nunca houve, sequer, um atleta digno de tamanha homenagem. E nunca, jamais, em tempo algum, Benfica e Sporting foram capazes de homenagear alguém desta forma.

E é isto que vos dói. O Futebol Clube do Porto conseguiu reunir em campo, um ex-dirigente do Sporting, vários jogadores que foram mal-amados neste clube. Jogadores que saíram a mal do clube. Jogadores adeptos dos clubes rivais. Mas todos eles, todos, voltaram a jogar com aquele belíssimo equipamento, com aquele símbolo ao peito. O que vos dói é que o Futebol Clube do Porto é mesmo um clube especial e um clube diferente. E dói tanto, que nem justos e isentos conseguem ser. E estamos a falar de um jogo de homenagem. Imagine-se se fosse a sério.

Mas, citando Manuel Machado, um vintém é um vintém e um cretino é um cretino. E, acrescento eu, o Record é inqualificável.

Quero acreditar que quem escreveu aquelas infelizes linhas estava pouco iluminado. Vítor Baía deveria ter dado, então, um rabinho, que é onde o sol não brilha.

Com os melhores cumprimentos,

João Ferreira