segunda-feira, 17 de março de 2014

Vamos todos para o Marquês!

Exmos. Srs.

Envio-vos este e-mail para vos dar conta da minha incredulidade e da minha repulsa pela vossa capa dia hoje, de 17 de março de 2013.

Na vossa manchete, dedicada à vitória do Sporting sobre o Futebol Clube do Porto, não se lê qualquer referência ao colossal erro da equipa de arbitragem que deixou passar um fora-de-jogo descarado no lance do golo de Slimani e muito menos existe qualquer menção ao penalty cometido por Cedric Soares, e não assinalado pelo árbitro, Pedro Proença, por falta sobre Jackson quando este estava prestes a marcar que conduziria também à expulsão do atleta sportinguista, ainda antes do intervalo.

Este facto não me chocaria e eu seria o primeiro a aplaudi-lo, uma vez que creio que se deva dar destaque ao futebol jogado e não aos árbitros. Errar é humano e erros acontecem e fazem parte da vida. Convenhamos que, se todos os erros merecessem uma punição dura, o site do vosso jornal, à quantidade de "gralhas" que comete, já estaria fechado há muito tempo. Todavia, o que me revolta é a incoerência com que elaboram o vosso jornal. Como já escrevi, se isto fosse prática habitual em ABola, eu ficaria muito satisfeito. Sucede que não é. Há inúmeras provas que o demonstram, e que também demonstram que a importância dada aos erros de arbitragem varia consoante estes beneficiam e ou prejudicam o Porto. Vejamos, quando o Porto venceu o Benfica por 3-2 para o campeonato, com o golo da vitória a ser marcado por Maicon em fora-de-jogo, a vossa manchete no dia seguinte foi, precisamente, "Fora de jogo", escamoteando o penalty cometido por Oscar Cardozo nesse mesmo jogo. Quando Pedro Proença, esta temporada, assinalou erradamente um penalty que deu a vitória ao Porto na recepção ao Vitória de Guimarães, a vossa capa foi "Também tu, Pedro?!", sublinhada com um "Porto vence com erro de arbitragem". Quando o Benfica foi supostamente prejudicado num jogo em Braga, constava na vossa manchete que o Porto não precisava daquela arbitragem para ser campeão. Na capa de hoje, não se vê qualquer miserável referência á arbitragem. Nada de nada.

ABola insiste em manter uma máscara de imparcialidade que usa, recorrentemente para, manipular os seus leitores. Nada me move contra que determinado órgão de comunicação social se declare a favor do que quer que seja, seja um clube, um partido político ou uma religião, desde que se assuma. Igualmente, e embora isso revele uma certa tacanhez de espírito, nada me move contra que o mesmo órgão se declare contra o que quer que seja. O que me repugna é a falta de coragem, ou de vontade, de assumir determinada orientação. Enojam-me as agendas escondidas, as entrevistas encomendadas, os relatos de pseudo-agressões cujos agredidos ficam com menos marcas do que os palhaços no circo quando fingem que foram violentamente esbofeteados. E, pelo menos, esses palhaços são profissionais dignos.

Imagino eu que, ontem, ao elaborar o jornal, o discernimento não fosse grande. Ontem o anti-Porto saiu-se vencedor e, como tal, aí na vossa redacção, dada a festa, não deveria ser só a Travessa a estar Queimada. Escusam é de reservar já o Marquês. Apesar dos muitos terramotos que os senhores, de má fé, nos provocam, o Futebol Clube do Porto reergue-se num ápice e, muito mais forte.

Com os melhores cumprimentos,
João Ferreira