segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Três pedradas no charco



Exmos. srs,

Ao ler a vossa capa de hoje, constatei que, o vosso jornal, mais uma vez e ao melhor estilo da Taça Latina, adulterou a verdade dos factos. É verdade que os adeptos do Sporting levaram com três pedradas em cheio no ego, uma do Josué, uma fortíssima do Danilo, que deixou mossas profundas e uma outra, atirada de cabeça, com pouca força e em queda, pelo Lucho, mas que levou intensidade suficiente para deixar o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, sem fala e de lágrima no canto do olho. Estas pedradas também aparentam ter atingido violentamente a redacção do vosso jornal, que tanta publicidade tem feito ao sétimo classificado do último campeonato, ao ponto de o considerar mais importante do que jogos de equipas portuguesas na Liga dos Campeões.

O que eu não consigo conceber, é como o Record se esqueceu de referir todas as outras pedradas que ocorreram antes do jogo, no tempo em que os sportinguistas ainda achavam o Maurício um bom central e acreditavam que tinham uma grande equipa. Algumas horas antes do jogo, ocorreu uma largada de touros - sim, um bando de animais todos de preto, pode ser comparado a uma manada de touros, não pode? - pela Alameda do Dragão abaixo. Nessa largada, adeptos do Sporting, e não Super Dragões, como ontem foi referido na CMTV, o que me leva a acreditar que a coerência não abunda na Cofina, arremessaram pedras e garrafas a simpatizantes do Futebol Clube do Porto, agrediram quem não teve tempo de se esquivar, arrasaram bancas de venda de cachecóis, pertença de pessoas humildes e honestas a tentarem garantir o seu ganha-pão e, ainda, tentaram invadir o estádio do Dragão, embora eu compreenda o desespero de poder assistir a um jogo num estádio que não aparenta ser um gigantesto e piroso quarto-de-banho. Na sequência destes incidentes, houve resposta de alguns adeptos afectos ao Futebol Clube do Porto, nos mesmos moldes.

O Record, mais uma vez, fez tábua rasa da verdade, efabulando, o que até tem o seu nexo, dados os touros, mais um capítulo da obra de ficção com que as publicações da Cofina insistem em presentear os seus leitores, ignorando e desculpabilizando os responsáveis por esta confusão, quer materiais, a manada de touros, quer morais, o presidente do Sporting que tem tentado, nas últimas semanas, incendiar os ânimos, chegando ao ponto de insultar o próprio pai, sempre com a cumplicidade do vosso jornal, que lhe dá todo o destaque possível, e que só não é maior porque o jornal não é impresso em formato A1. Note-se também que o principal destaque do jornal não é dado ao líder do campeonato, mas sim aos humildes segundo e terceiro da prova. Mas a isso já estamos mais que habituados. O que fica para a história são as três monumentais pedradas no charco, que fizeram um monte de lagartos, (lá vem a fábula outra vez), e alguns escritores de jornais inchar que nem sapos.

Mas, não pensem que eu critico apenas por criticar. Aliás, queria deixar-vos um conselho. Agasalhem-se, que -5 é muito, muito frio.

Com os melhores cumprimentos,

João Ferreira