quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Bom dia,

leio hoje, na vossa edição online, que Pedro Proença criticou, na cerimónia de entrega de insígnias de árbitros internacionais, os treinadores que criticam os árbitros apenas quando os clubes que são orientados por estes são prejudicados, e não quando são beneficiados. Eu confesso que concordo com o que Pedro Proença disse. Seria justo e coerente fazê-lo, e uma prova de elevação dos técnicos nacionais.

Com o que eu não posso concordar é com a frase seguinte da notícia, onde ABola, num exercício mais próximo da adivinhação e da bruxaria do que do jornalismo, afirma que as críticas foram dirigidas ao treinador do Futebol Clube do Porto, Vítor Pereira, por este se ter, legitimamente, insurgido veementemente contra a arbitragem do Benfica-Porto, onde a opinião pública foi unânime em reconhecer que o Porto foi prejudicado e um vice-presidente do Benfica travestido de comentador desportivo teve que se abster de comentar alguns lances, para não ter que reconhecer tal facto e, consequentemente engolir um gigantesco sapo.

Como é que ABola pode afirmar clara, e convictamente, que Pedro Proença estava a criticar Vítor Pereira? Quantos e quantos treinadores criticam, semana após semana, arbitragens? Aliás, nesse mesmo jogo, Jorge Jesus, o treinador do Benfica, elogiou a arbitragem que, claramente, beneficiou a equipa por ele orientada. Recorde-se que Jorge Jesus, jamais em tempo algum, se coibiu de criticar árbitros e auxiliares, chegando inclusivamente a por em causa a ética e a dignidade deste agentes desportivos, quando acusou um assistente de ter visto um fora-de-jogo e de não o ter marcado por não ter querido fazê-lo. Será que as críticas de Proença não foram dirigidas a Jorge Jesus? O treinador do Benfica cumpre os requisitos para ser englobado nas críticas de Proença. Só critica quando se sente prejudicado e, quando é beneficiado, afirma taxativamente que a arbitragem foi excelente.

Isto leva-me a questionar: porque é que o treinador do Benfica não foi, de acordo com o professor Karamba que escreveu a notícia, visado nas críticas de Proença? Porque é que foi apenas Vítor Pereira a, segundo o vosso oráculo, sê-lo? Esta manipulação da opinião pública já cansa. Este atirar de areia para os olhos dos leitores já enjoa. E esta parcialidade encapotada do jornal ABola roça o ridículo, para além de demonstrar uma falta de verticalidade, de coragem e de dignidade gritantes. E isto são dados objectivos. Não foram lidos nas estrelas, bolas de cristal ou em linhas, sejam elas de que forem, na palma da mão.

Cumprimentos,


PS: Espero que os vossos poderes não cheguem ao ponto de já saberem quem será o campeão nacional de 2012. Era mau sinal. De qualquer forma, aceito de bom grado se me quiserem dar os números do Euromilhões

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Boa noite,

estava eu comodamente instalado no meu sofá, a ouvir a emissão da TVI24, após o jogo que opôs o Futebol Clube do Porto e o Vitória Futebol Clube, quando o jornalista de serviço diz: "Passando ao jogo mais importante do dia, o Benfica-Académica", o que me causou imensa surpresa.

Ora, a surpresa foi causada por não encontrar motivos que justificassem tal distinção. Vejamos, nenhum dos clubes em acção hoje estava, a priori, qualificado para a fase seguinte da competição. Pelo menos três dos jogos de hoje eram disputados entre equipas com reais possibilidades de apuramento. Não há nenhum critério que faça com que o jogo de hoje entre o Benfica e a Académica seja mais importante do que os jogos do Porto e do Braga. Aliás, no jogo do Porto participou o campeão nacional em título, que é também a equipa mais laureada de sempre da história do futebol português, mesmo que os rivais incluam taças latinas, da amizade e cheias de cerveja no seu pecúlio. Como se não bastasse, durante o jogo do Porto, os jornalistas de serviço também se preocuparam mais com o jogo do Benfica e com a sua publicidade do que com o jogo que estavam a narrar e a comentar, ou a tentar fazê-lo, para ser mais preciso. Ainda assim, desta vez não falaram do trânsito na VCI. Já se nota a evolução. Qualquer dia até acertam no nome dos jogadores.

Só encontro duas explicações para o sucedido: ou o jornalista estava a falar na óptica do Benfica, e aí compreende-se a importância vital deste jogo, dado que é o único título que o clube consegue conquistar com regularidade desde que eu existo, ou a TVI resolveu juntar-se ao crescente lote de órgão de comunicação social que presta vassalagem ao Benfica. E se foi este o caso, creio que deveríamos chamar a Luís Filipe Vieira, o Berlusconi português. A TVI desrespeitou o Porto, o Vitória de Setúbal, o Beira-Mar e o Braga. Diria até que a TVI tinha escarrado violentamente na cara dos adeptos destes clubes, mas como por um lado isso tem sido um comportamento elogiado em certos comunicados do clube do vosso ex-patrão e, provavelmente, do actual, e como a TVI teve a (in)decência de ignorar outras escarradelas famosas da nossa praça, prefiro calar-me, para não correr o risco de interpretarem a minha opinião como um elogio à vossa postura. A TVI deu prioridade ao Benfica. A TVI considera o Benfica mais importante que os demais clubes. A TVI tem programas de desporto quase exclusivamente com comentadores benfiquistas. A TVI presta vassalagem ao Benfica.

Mas eu, como sou boa pessoa, deixo-vos uma sugestão: façam um programa sobre o Benfica na Liga dos Campeões. O canal TVI Ficção parece-me adequado.

Cumprimentos,

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Exmos senhores,

a vossa manchete, no pretérito dia 28 de dezembro de 2012, era dominada pela expressão "Mar Vermelho". Tal expressão referia-se, como os senhores fizeram questão de realçar na dita manchete a um "banho de multidão", banho esse que se traduziu em 1500 espectadores a assistir a um treino do Sport Lisboa e Benfica. 1500 espectadores é um número que, evidentemente merece realce. Há inúmeros clubes que não conseguem ter essa assistência durante os jogos, quanto mais em treinos e, portanto, nada me move contra essa dita manchete.

Assim sendo, e depois de ter constatado que ontem estiveram 14.000 indivíduos a assistir ao treino do Futebol Clube do Porto, o que corresponde a mais de 9 vezes o número que proporcionou o "banho de multidão", eu esperava uma manchete condigna no vosso jornal, respeitante ao acontecimento supracitado, tal como "Tsunami de multidão", "Inundação no Dragão" ou "Mais um banho, mas desta vez com a luz acesa". Nada disso. Em contrapartida, o jornal ABola apresenta uma fotografia do presidente do Benfica, que me fez recordar um cartaz do filme de animação "Dumbo", e uma citação onde o dito indivíduo se afirma pela enésima vez como o salvador da pátria benfiquista. No fundo, o jornal ABola preferiu ignorar um assunto que, pelos critérios da edição de 28 de dezembro, os quais eu humildemente subscrevo, era extraordinariamente importante, para destacar uma banalidade sem qualquer relevância a não ser fazer publicidade à Michelin e à Bridgestone e atirar mais um camião de areia, (daquela bem fininha e branquinha, que parece pó), para os olhos de uma infinidade de incautos adeptos do Benfica.

Das duas uma, ou a memória na Travessa da Queimada anda com problemas, ou ABola é parcial. E se é parcial, só lhe ficava bem assumir. Não há mal nenhum e, vejamos, qual seria o clube mundial com dois jornais oficiais e dois canais de televisão? Ao menos eram os maiores nalguma coisa! Rumo aos 300.000 sócios e a ser maior que o Real Madrid!!! É que no fundo, esta propaganda foleira cheira mal. É triste, é vergonhosa. O Benfica não precisa disso e os senhores jornalistas de ABola escusam de participar nas reuniões de direcção do Benfica. Por uma questão de decoro. Esta propaganda faz lembrar o soviético Pravda. Estaline, Fidel Castro ou o Querido Líder não fariam melhor. E já toda a gente percebeu...

Cumprimentos,