terça-feira, 9 de agosto de 2011

Exmos. Senhores,

Já há uns meses vos contactei, a propósito do mesmo assunto desta mensagem. Constatei que, na vossa capa de hoje, dia 8 de Agosto de 2011, aparece escrito que, com a vitória na Supertaça, o Futebol Clube do Porto ultrapassou finalmente o Sport Lisboa e Benfica em número de títulos oficiais: 70 contra 69. No entanto, para podermos considerar que o Benfica tem 69 títulos, teremos de considerar a Taça Latina como título oficial, o que é, para ser simpático, no mínimo duvidoso.

A FIFA, contactada pela agência Lusa, afirmou que a Taça Latina, competição por convite, não é um título oficial. O Record discorda e, até aí, tudo bem. Cada um é livre de ter a sua opinião. Eu acho que uma competição por convite, onde clubes convidados se recusaram a participar, para ir ganhar dinheiro em competições amigáveis ou porque não tinham jogadores, ao serviço das suas selecções no Mundial de futebol é tudo menos uma competição oficial, mas todos temos direito à nossa opinião. Agora o que me faz uma tremenda confusão é que o Record ignore a opinião da autoridade máxima do futebol mundial. Por muito respeito que eu tenha pelo Record e, por mais que ache que o jornal desempenha um papel de relevo no desporto nacional, não vejo que o Record tenha qualquer autoridade para fazer tábua rasa às decisões da FIFA. Se o Record decidisse que os torneios do Guadiana e de Guimarães, o troféu Teresa Herrera, a taça da Amizade, a Eusébio Cup e a Liga de Matraquilhos do café da esquina de Unhais da Serra fossem competições oficiais teriam os leitores de o aceitar livremente?

Eu compreendo que seja difícil aceitar que o Futebol Clube do Porto seja o clube português com mais títulos. Todos temos as nossas cores clubísticas. Também acredito, enquanto assisto divertido, que doa bastante assumir a queda de alguns mitos de supremacia, superioridade e grandiosidade. Mas nada disto justifica a forma leviana como o Record abordou o assunto, ignorando a decisão oficial da FIFA, enganando os leitores com capas como a de hoje.

Toda esta história da Taça Latina já irrita. A tentativa de adiar o inadiável e de mascarar a supremacia do Porto de forma tão absurda já cheira mal. Cheira tão mal que proponho que se mude o nome ao prestigiado troféu, passando a chamar-se Taça Latrina.

Com os melhores cumprimentos