sábado, 9 de outubro de 2010

Boa noite,

Ao ler a edição online do jornal ABola, na manhã de hoje, deparei-me com a seguinte notícia:

Águias admitem faltar ao jogo com o FC Porto
Por Gonçalo Guimarães

SAD entende que a integridade física dos seus jogadores tem sido sistematicamente posta em causa nas deslocações à cidade do Porto. Em última instância a equipa pode não comparecer no Dragão, ferindo de morte o campeonato.

O que têm em comum o dia 22 de Março de 1998 e o dia 10 de Setembro de 2010? Em ambas as ocasiões, separadas por quase 12 anos, o Benfica jogou em Guimarães, para o campeonato, e o seu autocarro foi apedrejado à passagem pela cidade do Porto. Dois exemplos dos actos de vandalismo que têm sido recorrentes nos últimos anos sempre que as águias se deslocam à Invicta ou, em alguns casos, ali pernoitam para jogar em outras cidades do norte do país.

A 23 de Setembro de 2005 o vidro traseiro do autocarro encarnado foi partido durante a madrugada; a 10 de Janeiro de 2010 o veículo das águias foi vandalizado durante um treino na Maia; a 1 de Maio de 2010 o autocarro foi apedrejado na chegada ao Porto, na véspera do clássico, e no dia seguinte, no percurso para o Estádio do Dragão, novo ataque com pedras e bolas de golfe que por pouco não atingiu Pablo Aimar.

A SAD do Benfica entende que, além dos prejuízos materiais, a integridade física dos seus profissionais tem sido sistematicamente colocada em causa por estes actos de vandalismo, preocupação manifestada recentemente numa audiência com o ministro da administração interna, Rui Pereira, e abordada na entrevista de Luís Filipe Vieira à Antena 1. «Peço a Deus que não nos apedrejem o autocarro, senão podem ter uma surpresa bastante grande...», atirou, numa declaração passível de várias leituras.

Em última instância, caso se repitam estes incidentes, a equipa do Benfica pode não comparecer no Dragão a 7 de Novembro, como histórica forma de protesto. Uma falta que, segundo o artigo 60 do regulamento disciplinar, dificilmente seria justificável e implicaria sanções - derrota, subtracção de três pontos e multa de 2500 a 10 mil euros - mas que deixaria o campeonato ferido de morte.

Se agradeço o facto de ter ficado a saber quais as consequências da meramente hipotética falta de comparência do Benfica ao jogo contra o Futebol Clube do Porto, uma expressão repetida na notícia causou-me estranheza: diz o jornalista, sr. Gonçalo Guimarães, que caso o Benfica falte ao jogo, o campeonato fica ferido de morte. E eu pergunto-me, porquê? Será que o campeonato fica afectado com uma atitude de auto-enxovalho como a que o Benfica teoricamente se prepara para tomar? Será que o campeonato fica mais pobre por haver um clube que se expõe ao ridículo desta forma? Não creio, pois mesmo sendo esta situação hilariante, é perfeitamente comparável ao célebre comunicado "nós estamos no fundo da tabela mas a culpa é de todos menos nossa", que o vosso jornal anunciou em primeira mão e em rigoroso exclusivo, facto pelo qual vos congratulo...

Outra dúvida me assalta, se o campeonato fica "ferido de morte", o que acontecerá? Deixarão de haver primeiras páginas de jornais sobre o nosso futebol? Os adeptos ficarão em casa? Não assistirão aos jogos na TV, deixarão de debater a jornada anterior com os amigos ou colegas, deixarão de opinar na Internet e de ler jornais desportivos? Duvido. E o campeão, terá menos mérito? Não terá direito a abertura de Telejornais e a manchetes de jornais? Não irá à Champions League? Deixará de ser uma grande equipa? E se o campeão for o Benfica, o jornal ABola não dará destaque máximo à situação? Valerá a pena responder a isto?

Assim sendo, gostaria, caso fosse possível que me explicassem o porquê do campeonato ficar ferido de morte e as consequências dessa ferida. É só para saber se devo ligar para o 112, ou se já é tarde demais.

Com os melhores cumprimentos,